Coloquei os pés no chão e fui até o quintal. Não me importei em sujar as meias com terra, nem estar com o pijama mais curto me fazendo arrepiar com o vento gelado na minha pele.
Parei e fiquei ali, de braços abertos e com os olhos fechados. Ignorei o fato de parecer uma demente no centro do meu quintal, mas sentir o vento no meu rosto, sentir o cheiro de verde, ouvir os pássaros cantando e toda aquela calma me fazia tão bem. Abri os olhos e ao me deparar com aquela imensidão de misturas de cores em cima de mim, me fez sentir um tremor. O céu estava rosa, com nuvens azuis, enfeitado com pássaros voando. Não demorou alguns segundos para uma lágrima cair dos meus olhos. Não me assustei. Aquilo tudo era tão perfeito.. como pude deixar que toda minha tristeza me tirasse esse céu, não me fizesse enxergar o quão perfeito é, bastava eu dar alguns passos, para mim estar diante da minha paz, mas eu fui covarde demais para encarar isso tudo, como deixei de sentir tudo isso? Eu pensei.
Fechei os olhos, fechei o tempo, fechei minha janela, me fechei no meu mundo, deixei que a dor me consumisse por dias. E deixei que isso me fizesse esquecer do quanto me fazia bem só de sentar no meu quintal e observar o crepúsculo. Ah, o crepúsculo! Aquele que me traz boas lembranças, mas também algumas ruins, mas isso não tira a sua beleza o meu encanto por ele.
Aquela tarde, aquelas cores, aquele verde, aquele vento em meus cabelos, aqueles pássaros, toda aquela beleza diante dos meus olhos aliviou meu coração, foi como me purificasse, lavasse minha alma e se chorei não foi por dor e sim por emoção e agradecimento. Algum motivo me levou até o meu quintal naquela hora e eu não sei qual é. Mas foi no momento da tarde mais perfeito e belo.
A dor e tristeza ainda tem lugar em meu peito, mas não posso esquecer que tem um mundo lá fora, não posso deixar que isso me derrube e me tire tantas coisas.
Cair e ficar no chão é uma escolha tua e eu não quero ficar no chão, não quero mais essa escuridão.